sábado, 27 de setembro de 2008

Em que momento nos distanciamos da nossa essência original?!!!



Mudanças de rotas no decorrer da caminhada são mais do que comuns e pertinentes para nos dar movimento diante da vida, todavia, o mais preocupante não é mudar de caminho, mas, quando acabamos nos perdendo de nós mesmos, distanciando-se da nossa essência original, aquela que deixamos de ser, no início de tudo, muitas vezes nos primeiros anos da nossa vida, no auge da inocência e da densa e árdua descoberta do mundo.

- “Talvez, essa manhã, eu tenha acordado um pouco mais emotivo e saudoso devido ter me lembrado de mim, como eu era antes e hoje eu não sou mais por causa das marcas que eu trago nesses quase 31 anos de existência e as perdas que a vida me proporcionou, embora, não sejam muitas, mas, com certeza, significativas e grandes lições de vida.”

É claro que eu não nego quem eu me tornei ou não goste da minha essência hoje, mas, algumas características que eu tinha poderiam ser preservadas, tais como, a ingenuidade pueril que te motiva a ter grandes sonhos, o romantismo pré-adolescente que acredita que amar e ser amado são possíveis e sem restrições, a confiança absoluta nas pessoas mais próximas que acessam a nossa intimidade, sem precisar ficar com o pé atrás ou ficar esperando qualquer deslize ou traição, e, principalmente, aquele sorriso mais espontâneo, que ilumina a sala, o pátio, o “playground”, sem medo de represálias ou críticas marcadas por incômodos e/ou recalques.

- “Será que eu estou saudoso do status de filho caçula que um dia eu fui, simplesmente protegido, super protegido, aninhado, cuja proteção eu não sinto mais?!!! Ou será da minha essência mais espontânea e sorridente que trazemos na infância e, por “n” motivos, nós precisamos abrir mão dela ou guardá-la no fundo das nossas gavetas emocionais para aprender a viver?!!!”

Muito do que eu sou hoje foi o somatório por tudo o que eu vivi, algumas experiências foram vivenciadas e sentidas intensamente, principalmente aquelas que soavam pura intensidade, outras não, tratadas com pouca importância. Toda a rebeldia e o questionamento do mundo, as minhas afirmações e negações sobre mim mesmo e os meus dilemas pessoais, envoltas de constantes reflexões, meus altos e baixos afetivos, as decepções com determinadas pessoas, graças a minha leitura errada sobre elas – seja por inexperiência ou por mais pura boa fé, dando créditos a elas, as surpresas e as descobertas diárias fizeram de mim o que sou hoje.

- “Bom ou mal e/ou bem ou mau, sou quem sou e cada experiência aprendida e apreendida me ajudam a compreender um pouco mais da vida, da realidade social, da essência e do comportamento humano e de mim mesmo do que ontem. Creio que toda perda, todo erro, toda dificuldade presente no nosso caminho, todo dissabor, toda desilusão e toda contrariedade nos ensinam algo, deixando-os mais fortes para encarar a vida de frente, de costas, de lado, se assim melhor lhe convier, sobretudo para nos ensinarmos a viver. Infelizmente, os orgulhos, os soberbos e os arrogantes se travestem de fortes, para ocultar a sua latente fragilidade, não se tornando fortes, mas amargos. Tudo o que eu não quero me tornar é ser uma pessoa amarga, desagradável e de tão pouca fé.”

E a vida vai por aí a fora, nos testando, nos aperfeiçoando, nos burilando (E porque não bulinando também?!!! - É o novo!!! rs...), enfim, nos ensinando a viver, mas, as ferramentas para isso, ficam por conta e risco nosso!!!

- “Ela não vai nos dar nada de graça, pelo menos, nada pra mim assim foi.”

Mas, por lembrar de mim antes, em alguns momentos eu tento me resgatar, pelos menos alguns traços que hoje existem apenas na lembrança. Já outras, ao exemplo da ingenuidade e do romantismo dogmático e ingênuo, eu prefiro deixá-los perdidos, por não ser sugado por mim mesmo e nem ser esmagado pela convivência humana. A fortaleza consiste em estar Lúcio, por pior que a lucidez nos faça enxergar os perigos e as contradições do mundo e a maldade e as máscaras dos homens.

- “Assim como eu, muitas pessoas próximas de mim, se perderam em suas estradas, distanciando-se de preciosidades que um dia foram, que um dia tiveram. Alguns se perderam por traumas emocionais e circunstanciais, outros por não terem uma personalidade formada, outros por questão de medo de se expor ao comentário dos outros ou não se colocando na vida como gostariam, outros por desatenção das suas próprias necessidades ou desatento com tudo o que não lhe diga a respeito do seu próprio umbigo. Por motivo que seja motivado tal distanciamento, algo é certo: O sorriso diminui, o olhar apaga, o coração endurece e o fel é produzido.”

Em que momento nos distanciamos da nossa essência original?!!! Não tem uma regra, não tem uma data exata, muito embora eu desconfie que aconteça no decorrer da formação do nosso caráter e da nossa personalidade, na formação do nosso conteúdo humano. Apenas cada um sabe as concessões que foram necessárias, as lacunas que gritam dentro de você e os resgates que precisam ser feitos para a aproximação de quem um dia fomos e não somos mais.

- “Estou bem comigo mesmo, na medida do possível, naturalmente, mas, eu também sinto falta daquele Daniel que saiu de cena para que hoje eu possa atuar, protagonizando com a vida, na vida. E você sente saudade de quem um dia você foi?!!!”


"Todos nós somos um
E quem não tem pobreza de dinheiro
Tem pobreza de espírito ou
Saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro –
Existe a quem falte o delicado essencial."


(Clarice Lispector, In: A Hora da Estrela. )

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"As lágrimas não reparam os erros!!!"

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♫ Pitty - Na sua estante

"Eu não ficaria bem na sua estante..."