quinta-feira, 29 de maio de 2008

Olha lá... Não me pergunte que eu respondo!!!



Sem provocações a parte ou más interpretações ou respostas ferinas endereçadas à, uma queridíssima me fez a seguinte pergunta nesta manhã, via fone:


- “Dan, o que você acha das pessoas que vivem em função do outro?!!!”

- “Mas, por acaso, elas recebem algum estímulo em troca?!!! Um carinho, um sinal de reconhecimento, uma resposta em seguida e à altura, uma recompensa afetiva...”

- “Não. Talvez raramente ou muito pouco.”

- “No momento, eu não posso dizer nada por elas, por eles, só posso dizer por mim: Eu não tenho temperamento para me abandonar, para me esquecer, para viver num relacionamento de mão única. Se não há reciprocidade, prefiro ficar sozinho ou partir para outra.”

-“ Hummmmmmmmm!!!”

- “Vou pensar na sua pergunta com carinho e depois eu respondo.”




E aqui estás à resposta...




- “Hummmmm, viver em função do outro é uma característica tão típica do comportamento feminino, não é mesmo, Leonardo?!!!”




Por séculos e mais séculos, a mulher foi minimizada e apagada pela repressão familiar, sexual e do trabalho e dopadas pelo culto do “amor romântico”, sobretudo no século XX, desenvolvendo uma capacidade de resignação afetiva, até louvável em casos especiais. Porém, muitas vezes, essa condição às tornaram mulheres cegas, surdas, mudas e omissas, quase como umas gueixas-escravas, tentando adivinhar todos os pensamentos e desejos e agir em função dos seus amos e senhores. Em contrapartida, essa tal mulher perdeu o foco da sua vida, abrindo mão da sua individualidade, do seu eu e da sua alma para viver em função do outro, acabando por esquecer de si mesma, de quem é, das suas opiniões, das suas preferências, dos seus desejos e sonhos e dos seus projetos pessoais e profissionais – Tudo para agradar o outro, para satisfazer o outro, para evitar quaisquer situações que a coloque em risco de perder esse grau de dependência afetiva – “eu não sou ninguém sem você ou a minha vida não tem mais sentido, porque você não está aqui comigo”.

- “E aí, mulherada, o que vocês me dizem sobre isso?!!! Verdade ou não?!!! Mesmo com a revolução feminina e suas conquistas profissionais, muita parte das mulheres ainda desenvolvem esse estado subjetivo, sobretudo quando estão namorando (por que querem apenas demonstrar o seu melhor) e estão casadas (tornam-se a mãe, a protetora)."




Se elas estão certas ou não, descaracterizando-se em determinados momentos, sufocando e renunciando os seus pequenos e grandes prazeres, esperando o dia dourado e o “grand finale” (o tão esperado reconhecimento) em que o seu “amor” terá uma atitude nobre e irá recompensá-la por todas as atitudes, os investimentos, as preocupações, as renuncias, os sentimentos e a fé doados para a duração e manutenção dessa relação, sem mencionar, o esforço de viver em prol do bem-estar e das necessidades do outro, tomando e defendendo como se aqueles projetos pessoais também fossem seus.

- “É... Cada um sabe de si, se existem pessoas que conseguem viver assim, em função do outro, anulando-se, deixando de existir como indivíduo, e, mesmo assim, consegue encontrar um sentido e uma realização para isso, sentindo-se feliz e realizada, independente da duração desse momento, eu espero que continuem assim: felizes. Tem temperamento para tudo.”




Mas, quando o reconhecimento não vem?!!! E quando a resposta espontânea pelo gesto e pela dedicação dados não acontecem?!!! Já conhecemos, né?!!! Todo aquele martírio e caos emocional que os grandes e profundos desamores nos causam, independente do sexo, deixando-os na lona, completamente nocauteados. O fato é que sempre existe um preço a pagar: "As que se submetem (a grande maioria) continuarão reféns do seu medo da perda e da sua insegurança atroz, mutilando a sua alma e o seu íntimo, porque, eu não sei até que ponto, elas acreditam que é cômodo viver em função do outro ou as suas vidas são sem graças e pouco importantes; As que não se submetem (ainda a minoria) terão que viver na inconstância dos relacionamentos efêmeros e aprendendo a lidar com a solidão".

- “Independente do preço a ser pago, renuncias só são pertinentes e saudáveis quando são realizadas por ambas as partes envolvidas, porque, só quem fez, só quem cede, só quem cuida, chega num dado momento em que permanece como sempre esteve, SÓ na relação, cansado de tanto doar e, até mesmo, sendo pouco valorizado pelo outro. Se você doa sem esperar nada em troca, pelo simples prazer de estar fazendo o seu melhor em prol do outro ou se é correspondido por isso, é maravilhoso, não há problema algum, mas, caso ao contrário, está te deixando uma pessoa ranzinza, insatisfeita e infeliz, isso sim, é um problema.”



Então, se viver em função do outro é certo ou errado, está lhe satisfazendo ou não, está sufocando o outro ou não, são respostas individuais, onde só quem está vivendo a situação pode dar. O meu julgamento de valor, nesse caso, não será baseado em nenhuma experiência alheia, mas, o que eu não faço mais por mim mesmo, porque todas as situações, (no início de tudo, quando eu era mais bobinho, embora poucas vezes) que eu me descaracterizei e me aviltei, deixando de ser quem eu era e preocupando-me em apenas agradar, esquecendo-me de mim, caí na merda, literalmente. Aí sim, por não ter temperamento para ser submisso e sem personalidade, eu perdi o controle da situação e entrei em conflito comigo mesmo, perdendo o que eu havia de mais precioso: paz de espírito.

- “Por já ter perdido a minha paz e saber como a sensação é péssima, não me resigno a mais ninguém, só a mim mesmo. Isso não quer dizer que, futuramente, eu não possa vir a ceder, posso, que eu não possa agir espontaneamente em prol de alguém, posso, mas, se eu estiver numa relação na qual exista reciprocidade, caso contrário, prefiro continuar de mãos dadas com a solidão ou disponível do que amargar uma solidão a dois.”



E aí, respondi a sua pergunta?!!!

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"As lágrimas não reparam os erros!!!"

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